11.1.07

trovão. trovoadas. cantadores e um mentiroso apaixonado.

Muitas vezes eu fico na frente dessa maquinhinha pequena sem saber o que fazer.. garimpando cantores que já partiram para o além.. e outros tantos que chegaram agora..
Melhor.. agora eu já sei quem ler meus modestos escritos.. E só por causa disso a gente vai conversar por aqui mesmo que na representação de um monólogo..
Sim.. falando nisso.. eu ganhei uma crônica-prosa-poesia.. eu nem sei definir ..enfim, um texto que me deixou com o sorrisão na cara por um bom tempo.. Daí outro dia eu tava relendo "O romance d'A Pedra do Reino" e encontrei uma ligação entre o texto que eu recebi e a escrita de Ariano. E danado rapaz.. nunca mais eu tinha lembrado das letrinhas que me deixavam com o tal sorrisão na cara.. a comparação foi tão natural.. tão objetiva.. clara.
Como vai ser difícil de vocês, meus leitores fanfetinhos, conhecerem que bendito texto eh esse.. eu publico aqui e, então, vocês se comprometem em ler um poema Armorial.. Para ver se tem a ver mesmo.. combinado viu!!!


- mentiroso apaixonado - (autor desconhecido)

Cheguei montado naquele trovão. No lombo dele passei fome e frio e não tinha nenhum desafio que diminuísse minha determinação. Porque eu tinha um empenho, trazer esses vaga-lumes para enfeitar os cabelos de uma dama e é por isso que aqui estou.
Mas vou falar como vim bater aqui:
Um dia, enquanto me recolhia para enfim poder dormir, isso lá na minha terra, léguas longe; ouvi uma voz antia e rouca me chamar. Era a voz da serra que em meu quintal crescia era a serra Mariana. Então pra mim ela falou: “passe pelos diamantes encarnados, vire nas lembranças púrpuras, chegue na beira do rio das idades e pare na árvore da genealogia, colha alguns pirilampos e leve para a mulher que pelo meu nome atende”.
Então peguei os delicados brilhos da noite, fui até uma nuvem gorda que é minha amiga, escolhi o trovão mais arisco e ligeiro para poder viajar.
Então preparei minha viagem, no trovão coloquei minha cela de imagens, meu laço de ternura, joguei minha mochila da idade nas costas e o chapéu de minha alegria na cabeça. Rumei para a luz que era emanada dos cabelos de Mariana.
No caminha uma pedrinha do questionamento que eu levava no bolso me perguntou: “ vaga-lumes não é um presente pequeno para essa dama?” nessa hora notei que realmente era, mas esses pirilampos eram cunhados de meus gametas e quem sabe ela gostaria de ganhar essa modela.
Então aqui cheguei, calejado, empoeirado, com cheiro de dor, todo isso por conta daquele brilho dourado.
Já contei para muitos essa história e sempre ouvi que eu era mentiroso, que eu nunca tinha de fato saído de minha longínqua terra, mas quando dou as costas para as serpentes dos comentários e a luz dos vaga-lumes que trago amarrado aos grilhões dos meus punhos posso ouvir:
“Lá vai um mentiroso apaixonado!”

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Os poemas Armoriais são mais acessíveis né.. mas faz assim. vou escolher o que eu mais gosto e digitar.. no próximo post..

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Bora de sambinha pra esquentar o balacubado e deixar expandir a malemolência..

(A Flor e o espinho) - Nelson Cavaquinho.

Tire o seu sorriso do caminho
Que eu quero passar com a minha dor
Hoje pra você eu sou espinho
Espinho não machuca a flor
Eu so errei quando juntei minh'alma a sua
O sol não pode viver perto da lua
Tire o seu sorriso do caminho
Que eu quero passar com a minha dor
Hoje pra você eu sou espinho
Espinho não machuca a flor
Eu so errei quando juntei minh'alma a sua
O sol não pode viver perto da lua
E no espelho que eu vejo a minha magoa
E minha dor e os meus olhos rasos d'agua
Eu na seua vida já fui uma flor
Hoje sou espinho em seu amor
Eu so errei quando juntei minh'alma a sua
O sol não pode viver perto da lua
Tire o seu sorriso do caminho
Que eu quero passar com a minha dor
Que eu quero passar com a minha dor


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Por sinal... será que Zeca Baleiro bebeu dessa fonte pra criar.. Tire o seu piercing do caminho que eu quero passar com a minha dor... Vai saber né!

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SERVIÇO:
Nelson Cavaquinho. Cartola. E o meu preferido: Noel.

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