11.12.06

O estágio mais desejado...

Acordar no domingo e ler o artigo da Revista JC (Sexo@Cidade), de Flávia de Gusmão.. Foi tão animador... e saber que ela escreveu o que eu venho tentando sintetizar .. tudo.. resumindo. Eh isso.


Nova aula de antônimos

A gente é tão condicionado na infância que passa o resto da vida funcionando no automático. Lembram da aula de português? Especialmente daquela que fazia a gente passar e repassar os sinônimos e antônimos? Pois bem, condicionamento puro, que nos atrapalha no futuro. Antônimo de rico, pobre, de claro, escuro, de limpo, sujo, de seco, molhado, de amor, ódio. Ops, é nada. O antônimo de amor, por mais que nos tenham ensinado na escola, não é ódio, mas, indiferença.
Ódio é aquele gosto ruim na boca, que vários autores, não por acaso, já definiram como “travo”. Geralmente é a evidência física de que o corpo ainda não se livrou das toxinas que ficaram impregnadas na corrente sanguínea. Veneno introduzido pela forma subcutânea – a mais traiçoeira delas. Um emplastro colocado sobre a pele que – tal qual aquele adesivo recomendado para os que querem deixar de fumar – vai liberando aos poucos quantidades graduais de tudo o que ofende, tudo o que é porcaria, até que o corpo, saturado, passe a encará-las com repugnância, como a um inimigo. Ódio deixa um gosto metálico na boca. E é ruim, porque atrapalha o milk-shake, o cachorro-quente, a pipoca no cinema. Fica tudo com gosto de íon, seja lá que gosto íon tenha.
Ódio jamais poderia ser o antônimo de amor simplesmente porque um é tão onipresente, tão onisciente, quanto o outro. Quando odiamos uma pessoa da qual acabamos de nos separar parece que o universo conspira para fazer com que não só a gente esbarre com ela em todo o canto, como não faltam aqueles amigos que estão sempre prontos para nos reportar as últimas peripécias de sua vida. Quando amamos, o primeiro pensamento do dia – aquele mesmo antes de tirar a cabeça do travesseiro e esfregar os olhos – é para o objeto do nosso amor, com o ódio também, só que é um pensamento acompanhado por um leve alterar do ritmo cardíaco, uma espécie de extra-sístole, a arritmia causada, entre outras coisas, pelo estresse. Ódio estressa. Ódio é como café expresso tomado aos goles: bota pra marchar o sangue, dá uma leveza na cabeça, turva a vista, adormece o paladar. Assim como o amor.
Amor anda tão juntinho de ódio que muita gente reluta em largar um ou outro. Ódio deixa o corpo tão retesado quanto o gozo do amor. Mas incomoda, não deixa a gente ir à praia, não permite que a gente se jogue na pista de dança, esbravejando os refrões de Madonna. Com ódio, a gente não explode ao som de suas canções, a gente implode com elas:
“I don’t wanna hear, I don’t wanna know
Please don’t say you’re sorry
I’ve heard it all before
And I can take care of myself
I don’t wanna hear, I don’t wanna know
Please don’t say forgive me
I’ve seen it all before
And I can’t take it anymore”
A indiferença, esta sim, é o antônimo do amor. Porque ela é a negação espontânea daquilo que já vivemos um dia. Não conseguimos ser indiferentes quando assim decidimos, ou se é ou não se é. Caso contrário, é apenas ódio disfarçado. A indiferença só aparece depois que tudo deixou de existir, o amor e o ódio que passaram através da gente e fizeram um estrago danado. Ela é como um dia de semana quando não se precisa ir trabalhar e, ainda por cima, o sol está brilhando, a maré tá seca e não se tem hora para almoçar. Uma folga. Uma delícia. O ódio é como amor de malandro, a gente mantém ele junto mesmo que nos espanque e maltrate. Até o dia em que a gente realiza: eu não preciso disso. A indiferença é uma companheira sossegada, amiga da tranqüilidade e absolutamente incorruptível. Quando ela chega, nada mais nos abala: nem a ingratidão, nem a desfaçatez, nem as mentiras. Ela é, aliás, a única porta possível para o perdão. Indiferença nunca pode ser confundida com vingança, essa prima-irmã do ódio, ela só deveria ser sinônimo de um outro tipo de amor, o amor próprio.

SERVIÇO
The doors. Nunca mais tinha escutado.. Muito bommm!!!

4 comentários:

Eliza Brito disse...

Mariiii, Flavia gusmão é foda, apesar de ser mais atarracada do que eu. Bem, concordo em gênero, número e grau com tudo. E como é linda a indiferença, né? Adoro ela. Mas o amor é lindo também, pelo menos enquanto é amor:). saudadesssssssssssssssss, beijao!

Tiago disse...

E o antônimo de verde?


Maduro.


E o de fumo?


.....


Vortemo.

:D

Anônimo disse...

muuito bom! muuuito bom!

Anônimo disse...

Post antigo...mas muito verdadeiro
Assim como descrito, eu acredito que o antônimo do amor é a indiferença...e quando você é o objeto da indiferença...é avassalador!!
É proporcional ao que se sente quando aquela paixão se concretiza, só que ao contrário...putz, acho q num entendi o que eu disse...=b...mas é isso aí concordo com você!